quinta-feira, 19 de maio de 2011

Depoimento de uma professora indignada com a precariedade do ensino público no Brasil.

Gente estamos todos indignados com o ensino no Brasil, mas ninguém faz nada. Finalmente uma professora (Amanda Gurgel) se fez ouvir, tomou a frente e fez um belíssimo discurso, afinal  nosso ensino é uma vergonha, o Brasil ocupa a 80ª posição no ranking da pesquisa realizada pela UNESCO que avalia melhorias na educação, em uma lista de 129 países estudados. Fica atrás de países latino-americanos como o Paraguai, a Venezuela e Argentina, além do Kuwait, Azerbaijão, Panamá e outros.
Inaceitável, eu presenciei isso ao longo do trabalho que realizei junto ao PROJOVEM, projeto do governo federal, que visa melhorar o ensino público no país. Neste projeto pude presenciar o descaso com o dinheiro público, o nepotismo, pessoas desviando dinheiro, uso de laranjas (pessoas que emprestam o nome em troca de dinheiro), troca de favores que envolvem até pessoal de Brasília e outros fatos que deixariam qualquer um boquiaberto. Trabalhei por 5 anos na fundação que abriga este projeto e mais 3 no próprio PROJOVEM, viajei pelo nosso país realizando trabalhos que no meu ponto de vista, eram somente para embromar e dizerem que estavam investindo o dinheiro público no projeto. O público atendido era de pessoas humildes em sua maioria, que lutavam para tentar dar um ensino melhor aos seus alunos, mesmo com o pouco recurso que havia, mas os encontros do PROJOVEM eram sempre em salões de hotéis de luxo, com muita ostentação, os cofee breaks eram salgadinhos e doces chiques, isso tudo com o nosso dinheiro de contribuinte. As viagens eram selecionadas pela coordenadora do projeto, mas como o seu sobrinho, sua irmã, todas as suas melhores amigas, ex-namorada do sobrinho e por ai vai, trabalham lá também, ela escolhia os melhores lugares para mandar alguém da turma dela, e os lugares que eram piores, ela mandava o resto do pessoal que não era da turma dela, aqueles que trabalhavam lá por mérito próprio. O dinheiro flui tão facilmente nestes projetos do governo federal, que os salários são todos bem acima da média, a contratação é feita sem nenhum tipo de avaliação ou concurso, e entra quem tem QI (quem indica) se for da família melhor.
Parece piada, mas é a mais pura realidade, eu estava lá e convivi com isso.

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